uma lua, dois olhares

Brincando com os desconcertantes paradoxos de São Paulo… Noite boa, realmente boa. Tudo soa suave e macio. Bom de ver e de ouvir. Poderia até dormir na rede da sacada. Quem sabe?

o movimento

Às vezes, me questiono a respeito do que impulsiona um movimento. Sei do que a Física fala,  sobre a variação da posição de um objeto ou ponto material no decorrer do tempo em relação a um referencial inercial. Mas, e o que é perene, intocável, imperceptível? E o que tange o universo das sutilezas?

Não há ciência que endosse a representação de belos acordes engendrados por letras de música. Ou, parágrafos que carregam uma trama digna de volumes para justificar a atração por um determinado livro. Quem sabe, cenas absortas em silêncio ou carregadas de diálogos naquele filme que nos toca. O que move uma lágrima a se derramar delicada ou velozmente pela face? Uma mão a procurar por outra no meio de uma multidão? Abrir os olhos todos os dias em busca do que pode ser belo/bom?

E o movimento contrário, de retrair-se num ímpeto desesperado de sobrevivência? Que força é essa que pulsa um coração descompassado? O que nos faz continuar, ao invés de parar, nesse script no qual mergulhamos? A Física, cartesianamente, destila complexas teses sobre algo tão sutil e humanamente nato. O que nos move é sagrado. E ponto.

eu, heim?!

Ultimamente tenho atraído equívocos. De todos os tipos: daqueles que sorrateiramente escancaram o quanto A+B não resulta numa simples equação matemática; ou, da estirpe invisível que, dada a cegueira inebriante, nem dá indícios de que estou prestes a confundir alhos com bugalhos.

Nessas horas, sinto um calor nas têmporas inconfundível. Na realidade, como mulher racional que sou, são poucas as vezes em que me aventuro por caminhos incertos; priorizo o exercício das pequenas coisas. Enfadonho, concordo. Mas, dada a freqüência com que venho recebendo advertências dos acontecimentos, acho que vou sair da estrada de tijolos amarelos.

Aforismo: “descobrir com quantos nãos se faz um sim”

Ouvindo agora: She & Him (do gênero “música fofa”)

céU

A última boa nova que recebi: show da CéU em sampa! Agosto, no Citibank Hall. Será que eu vou? Que dúvida…

“Don’t take yourself too seriously… Pa pa pa pa pa pa pa… Music say to me”

“e o que sinto, feito bocejo, vai pegar”

batidas na porta da frente é o tempo

No momento: ouvindo Lenine no escuro. Lembrei do tempo. Da quantidade imensa de músicas que abordam esse mote. De quanto tempo faz que não revejo tantas pessoas queridas. Da última vez que tomei banho de chuva sem estar preocupada em chegar ensopada para uma reunião. Do tempo que é tão relativo quando à física. O que demora para passar, o que demora para chegar, e aquele que simplesmente evapora, quando você menos queria. Os minutos que se transformam em 12 horas, e as horas que fogem com os segundos. Do tempo que ainda falta pra muita coisa acontecer. O lance é viver. Em paz, com esse senhor tão distinto, tempo, tempo, tempo, tempo…

fase nina 2

Uma ambição a ser alcançada: adquirir a discografia completa da Nina Simone. Hoje, especialmente, apreciei cada timbre dessa maravilhosa cantora, compositora e pianista americana. A tarde inteira, no repeat: “Feelings”, gravada no Montreux Jazz Festival, em 1976. Arrepio desde os meus pés até ao que me escapa.

fase nina

Depois da Orquestra Imperial e outros projetos paralelos, Nina Becker volta de “Vermelho” e “Azul”, dois CDs lançados de uma só vez em carreira solo. Espero, em breve, muito em breve, encontra-los à venda! Um passarinho me contou que vai rolar logo.

o bom veneno é amargo
e os melhores vem em pequenos frascos
o bom veneno é rascante
seu ventre queima, seus dentes rangem
o bom veneno deve ser assim
e eu te peço: sirva uma dose desses para mim

pois o começo é sempre ligado ao fim
de algo bom ou de algo ruim
e o meu fim será seu suplício
pra eu poder voltar ao início

o bom veneno traz a morte certa
sem deixar rastro, sem deixar provas
o bom veneno é um drinque
se faz um brinde, se comemora
o bom veneno deve ser assim
e eu te peço: sirva uma dose desses para mim

pois o começo é sempre ligado ao fim
de algo bom ou de algo ruim
e o meu fim será seu suplício
pra eu poder voltar ao início

o bom veneno traz a morte certa
sem deixar rastro, sem deixar provas
o bom veneno é um drinque
se faz um brinde, se comemora
o bom veneno deve ser assim
e eu te peço: sirva uma dose desses para mim

pois o começo é sempre ligado ao fim
de algo bom ou de algo ruim
e o meu fim será seu suplício
pra eu poder voltar ao começo

é sempre ligado ao fim
de algo bom ou de algo ruim
e o meu fim será seu suplício
pra eu poder voltar ao início

(o bom veneno – nina becker)

canto porque sinto encanto

Felicidade! Conseguir dar vazão aos meus três instrumentos que estavam de lado, calados: voz, violão e bandolim. Há tempos que eles não sabiam o que era um acorde maior, um sustenido, um refrão, ou um dedilhado. Palheta, então, passava longe de qualquer coisa que se assemelhase às cordas.

Não sei explicar ao certo. Um olhar, um toque, um som e finalmente uma música inteira! Não apenas o repertório amarelado pela passagem dos anos. A deliciosa sensação de conseguir tirar uma música nova com os sentidos. E nada mais. O bandolim, agora já reformado (ele tinha sofrido um acidente, mas passa bem), não quer mais saber de Choro.

Alguma coisa acontece no meu coração…

Que bom. Mesmo que eu não saiba de onde vem e pra onde vai.

para você…

…que ainda não viu esse show.

muito pouco

Muito a dizer e pouco a falar. Ausente do blog, e com a consciência pesada por causa do tempo, nada mais adequado para os temas que o último projeto do Moska.

Solar e agridoce, o cantor e compositor apresenta um álbum duplo – agora, pela gravadora Biscoito Fino – cujos nomes “Muito” (para um deles) e “Pouco” (para o outro) brincam com a dualidade/opostos da imensidão dos sentimentos.

Em resumo: “Muito” vem cheio, com instrumentação mais marcada; “Pouco” se atenta às harmonias diretas, mas nem por isso menos sofisticadas. Um prato cheio para os trocadilhos, mas acaba sendo quase impossível não chegar nos clichês.

Adoro esse artista que é apaixonado por filosofia e às vezes utiliza “técnicas” dadaístas para compor. Seu violão é suingado, preciso e envolvente. Me encontro fácil em suas letras, para depois me perder como um “móbile solto no furacão”.

É incrível como me apaixono fácil por músicas (letra+melodia)! Acho que sou romântica…

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